terça-feira, 4 de junho de 2013

MARACANÃ: ESSE AI TAMBÉM PODE SER O NOSSO


O gigante não tem mais dois anéis de arquibancadas, não tem mais a mesma dimensão de campo, não comporta mais 100 mil pessoas, não têm mais véu de noiva e muito menos a democrática geral. Ele não é mais do povo, ele não é mais dos clubes e nem mesmo é do Estado do Rio de Janeiro. Também a partir de agora, não tem mais banheiros nojentos, filas intermináveis, superlotação e não tem mais procissão de torcedores saindo por apertadas rampas de acesso. Não tem mais policia militar, nem fosso dividindo o campo da torcida. Tenho duvida se ainda teremos torcida ou agora estaremos na plateia?


O gigante não tem mais bandeirão e nem bandeira. Permitidas, agora, só aquela patrocinada e no diminutivo. Será que vamos ter que comprar cachecol para o nosso verão? Não temos mais pó de arroz, nem fogos de artifício. Não temos mais torcida organizada e nem cerveja gelada. Agora é lugar marcado e animador de circo. É musica alta no som potente. Abriram o porta-malas e o som não está agradando. Não quero tchu, nem quero tcha... Trocamos a charanga pela caxirola. Trocamos a festa de nossos sonhos pelos aplausos do teatro. Bonito também, mas muito polido e educado para quem ama suas cores.

Essas foram as mudanças. Não temos o que fazer. Evolução é isso. Será que é mesmo? Achei que tivéssemos o direito de evoluir junto. Se vivêssemos numa democracia talvez. Mas na ditadura dos cifrões, foda-se a sua opinião. Me desculpem as palavras, mas é isso. É assim com o transporte, com a educação, com a saúde... não seria diferente com o nosso Maracanã. 

Eu sou a favor de um estádio moderno, com cadeiras limpas, banheiros cheirosos, torcedores educados, campos sem fronteiras, visão privilegiada e acesso fácil. Mas também sou a favor de ingresso a R$ 10, abraço suado de novo melhor amigo, choro emocionado e palavrões ao juiz, aquele grandessíssimo filho da p... Com todo respeito à senhora sua mãe, é claro.

Temos que lembrar que o mundo mudou. O ano de 1950 esta bem distante. O futebol é outro. A violência aumentou, a corrupção não diminuiu, a inflação diminuiu e depois aumentou... Enfim... Tudo que foi feito no Maracanã foi feito pensando na final da Copa do Mundo de 2014. E eu apoio! Só não venham querer ensinar a abelha a fazer mel. Torcer a gente sabe como é e podemos até ensinar. No quesito festa, somos especialistas. Nessa hora, podemos lembrar que quando os ingleses trouxeram o "football" para o Brasil, as "bancadas" eram formadas pela alta sociedade, que vestida a caráter, tinha o direito de assoviar, vaiar e aplaudir. Nada mais.
   
Nós mudamos. EVOLUÍMOS! Fizemos os estádios pulsarem. Apesar da violência, geraldinos e arquibaldos representam a pureza e a sinceridade. Somos espontâneos. Infelizmente eles não souberam aproveitar esse espetáculo para a Copa do Mundo. Paciência! Agora que a pontual e suíça FIFA trouxe o padrão Copa do Mundo, vamos adapta-lo a nossa cultura. 

O que eu quero com isso tudo é aplaudir o novo Maraca. Mas não só aplaudir. Quero gritar e pular por todos os lados. De verdade. Não sou desses que prefere o Maracanã antigo. Gostei do novo. É magnífico. Grandioso. Parecido com outros espalhados pelo mundo, é verdade, mas ainda assim único. Parecido não é igual. Meu último argumento a favor do novo Maraca é que ao entrar novamente naquele templo da bola, os olhos marejaram, os pelos arrepiaram, as memórias renasceram e o peito voltou a inflar a espera de mais um momento mágico no "palco sagrado". A espera de mais um grito de “Gooooooooooool”.

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