Tenho de confessar a você, caro amigo, sinto inveja. Este sentimento muitas vezes mal interpretado, mas que traz um ar de saudosismo e principalmente de admiração no caso do qual virei a me referir. Estava eu, sentado à frente de meu computador, preparado para dedilhar e começar uma profunda análise do desempenho dos times brasileiros nesta primeira rodada da Libertadores, vendo os pontos positivos, negativos e tentando destrinchar o futuro deles na competição mais importante das Américas. Eis que, em um momento de descuido, deixo minha mente pairar e me encontro pensando na convocação de Mano Menezes, me permito alongar esta viagem, e me vejo relembrando o tempo (não tão distante assim) em que discutíamos o tal Quadrado Mágico, em que brigávamos com a voz nas alturas se Ronaldo e Rivaldo seriam suficientes na Copa de 2002, com o Romário voando... Pois é, fui agarrado por um saudosismo não tão longínquo assim, e me vi com inveja, inveja daqueles que realmente podiam dizer que possuíamos o melhor futebol do mundo, e que se quiséssemos, escalaríamos cinco ou 6 seleções com nossos jogadores...
Realmente para mim é muito chato estarmos debatendo a presença ou não do Kaká na seleção, a convocação ou não do Ronaldinho. A verdade amigos, é que infelizmente não somos mais o melhor futebol do mundo, e não podemos mais escalar tantas seleções assim com nossos jogadores. Sinto-lhe dizer essa verdade, que também bate a minha porta de vez em quando (atualmente com um pouco mais de insistência) e vem me contar, assim como me disse nestes últimos jogos da Libertadores, que estamos andando para trás, e vendo o futebol evoluir e passar correndo aos nossos olhos, sem que possamos fazer nada.
Senti inveja e fiquei triste por saber que não teremos mais jogadores como esses, e que Ronaldos, Rivaldos e Romários, serão cada vez mais raros(leia meu outro texto se quer saber minha opinião sobre isso), e nem imagino surgirem outros Zicos, Dinamites ou Falcões, simplesmente porque perdemos a essência pregada naquela época a qual invejo. Jogar futebol consistia apenas em jogar futebol, (é lógico que existiam cabeças de bagre, zagueiros botinudos ou atacantes caneleiros) tínhamos a mística, a classe, a revolução futebolística de 90 minutos efetuada pelos grandes jogadores, que transformavam o campo em uma tela em branco, sujeita a qualquer arte, com a única certeza de que seu resultado seria um sucesso. Perdoe o tom poético, mas tenho certeza, de que era assim que o público assistia às exibições de Zico, Dinamite, Pelé, Tostão, Falcão, Careca...
Infelizmente, hoje, em 99% das vezes, o que vejo em um campo de futebol, não se passa de um rabisco feito por uma criança, algo sem sentido, sem cores, sem vida, tudo, menos uma obra de arte... Ah! Que inveja dos que puderam ver as obras destes grandes pintores futebolísticos do passado e não precisam se esforçar pra tentar encontrar alguma arte em meio à milhões de garranchos e rabiscos espalhados pelos gramados brasileiros atualmente...

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