terça-feira, 17 de janeiro de 2012

EXISTEM COISAS QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA

Por Fernando Carregal
@carregalf

Motivado pela recente 'novela Thiago Neves', resolvi trazer a este texto, um debate já desgastado, porém válido, dado o atual momento de negociações no futebol brasileiro. Será que ainda existe amor a camisa, ainda é possível, como jogador profissional, se amar a um clube, e por este amor, ser devoto à equipe e somente ela?
Tal pergunta não tem resposta correta, e será eternamente debatida e discutida por jogadores, comentaristas e torcedores. O fato é que precisamos analisar os dois lados da moeda: o passional e o profissional.

Creio que ao questionar um jogador profissional sobre o assunto, este responderá que pode até ter seu amor escondido por algum clube, mas a tão famosa independência financeira tem de vir primeiro, afinal, como ele conseguirá manter e sustentar a esposa, a ex-esposa, e os cinco filhos? É, caro amigo, em recente pesquisa realizada por uma agência internacional, o perfil do jogador de futebol brasileiro, com salário mediano (de 20 a 50 mil reais) foi traçado, e pasmem, de uma faixa entre 20 a 25 anos, mais de 70% dos jogadores possuem esposa, filhos com ela, e filhos com outra mulher. Acho este fato auto-explicativo, já que se o cara pode ganhar 5x em um clube, por qual razão ele ficaria no outro, que o paga 2x? Como ele bancaria a pensão dos filhos, as extravagâncias da esposa, etc...?
Mas aí, vem você torcedor e discorda completamente deste jogador, e aliás, não só retira a razão dele, como o coloca pronto às pedradas e à crucificação em praça pública. Mercenário! Gritaríamos todos (isso, eu também), possivelmente com notas de 2 reais na mão, jurando ódio eterno ao já não tão pobre assim jogador.
Afirmo aqui, que este, é um assunto delicado, e de difícil conclusão, então, para não plantar a semente do caos na cabeça de ninguém, afirmo que o que virá a seguir é a minha opinião, humilde e alheia a qualquer outro fato ou ideal.
Para mim, devemos encarar um jogador de futebol como qualquer outro profissional, que é pago para produzir e cumprir com suas obrigações no emprego. Entretanto, temos de estar atentos a um diferencial neste assunto; já que enquanto o pedreiro, o bancário, a secretária, têm apenas um chefe ou algum supervisor, o jogador de futebol, tem como patrões, milhões e milhões de corações apaixonados e prontos para dar amor, como também ódio.
Não colocarei em questão aqui, de acordo com a minha opinião, o valor dos salários dos jogadores(fato que para mim é um absurdo), mas quero analisar algo mais profundo, a personalidade e o caráter do jogador de futebol brasileiro. Aliás, algo que vem desaparecendo e que creio ser o principal fator responsável por infelizes situações como esta do jogador Thiago Neves. Na verdade, para mim, vejo o jogador brasileiro, como um ator, onde prefere, através das palavras, conquistar um já órfão ninho de torcedores, e por isso jura amor eterno ao escudo, usa o boné da torcida organizada, depreda verbalmente os rivais, e por aí vai... Tais atos são muito mais simples e muito mais fáceis de realização do que jogar bem, dar um título à equipe e consequentemente dar alegrias verdadeiras ao torcedor. É, realmente deve ser muito mais difícil ser amado como Marcos, Rogério Ceni, Scholes, Roberto Dinamite, Zico... Percebe alguma semelhança entre estes jogadores? Sim amigo, todos eles estiveram presentes em conquistas importantíssimas para seus clubes, e permaneceram neles,  conquistaram os torcedores por isso, pelo pênalti na final da Libertadores, pelo título mundial.
Seja o que for, estes caras aí de cima realizaram feitos para a história de seus clubes, e conquistaram o amor eterno dos torcedores assim, não precisaram xingar ninguém, não foram a churrascos de torcidas organizadas e nem diminuíram ou menosprezaram rivais através da imprensa.
Por isso tudo, é óbvio concluir para mim, que a base para a discussão não está no assédio de outros clubes, na tal independência financeira, no empresário ou nos quinhentos filhos. Esta discussão começa e termina com apenas um fator: o próprio jogador e suas atitudes para com o clube que o emprega e a torcida que o fiscaliza e vangloria.
Ter caráter e personalidade para defender com honra uma equipe independe do salário que se recebe ou do tamanho da conta bancária. Tenho certeza de que o torcedor identifica isso e sente falta deste fato atualmente, e, até por isso, entrega facilmente seu apaixonado coração futebolístico às palavras ditas pelos não tão brilhantes jogadores. É hora de se vangloriar o talento e o caráter, dentro e fora de campo, e assim, desprezar a desnecessária avidez por declarações desnecessariamente apimentadas e mentirosas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário