segunda-feira, 1 de agosto de 2011

“EU JÁ FUI ASSIM”, DIRIA O BRASILEIRÃO PARA O CAMPEONATO ARGENTINO


Caros leitores, vocês Já viram o que esta acontecendo na Argentina? Antes de entrar no assunto vale lembrar que a pouco mais de 10 anos terminava o segundo Campeonato Brasileiro mais absurdo de todos os tempos. O campeão da desordem, como todos sabem, não teve fim oficial até hoje. Apesar de campeão na bola, o Flamengo ainda não teve seu título de 1987 reconhecido, quer dizer, já teve e já deixou de ter, mas essa é outra história. Eu estou falando da Copa João Havelange, que representava o principal campeonato nacional de 2000, onde o Vasco se sagrou campeão com absoluta justiça, mas só em janeiro do ano seguinte. Aquele era o tempo da bagunça, a Era do caos. Na competição em questão estavam presentes 116 clubes, divididos em quatro módulos (Essa palavra da até calafrio). Na fase final, os 12 melhores colocados do principal módulo enfrentavam os 4 melhores times da série de mata-mata entre as outras três divisões da competição. Para se ter uma noção da discrepância, o poderoso Malutron, do Paraná, chegou as oitavas de final e foi eliminado pelo Cruzeiro. E o São Caetano que até então não era nada se tornou vice-campeão brasileiro. Nossa! Que bagunça! E tudo isso porque, impossibilitada pela Justiça de organizar o campeonato, a CBF passou a responsabilidade ao Clube dos 13. Enfim, uma virada de mesa disfarçada.



Mas como eu vinha dizendo, esse foi um período de viradas e reviradas de mesas, calendários malucos, grandes clubes voltando à elite sem o menor merecimento, fórmulas de campeonato sem sentido e cartolas intocáveis, que administravam nosso amado futebol entre uma taça de champanhe e outra. Eu sei que alguns cartolas continuam ocupando os mesmos lugares, com suas garrafas de champanhe e suas casas em Miami, mas já se foi o tempo das mesas de pernas para o ar. Desde 2003 temos uma fórmula lógica, justa e eficiente economicamente. Temos um planejamento de calendário, com ressalvas é lógico, mas onde todos sabem quantos jogos farão na principal competição do ano. Hoje, os grandes caem e se não subirem na bola, ficam por lá. Exemplos não faltam. Atlético MG, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Vasco, Corinthians já estiveram no inferno e voltaram dentro de campo. Palmas para o óbvio!

A essa altura você amigo internauta deve estar perguntando o porque dessa minha lembrança nefasta. E por isso eu volto com a pergunta: Já viram o que esta acontecendo na Argentina? Nossos habilidosos hermanos estão fazendo hoje o que nós já não fazemos por vergonha na cara. Graças a Deus! Hoje vejo o futebol argentino com a mesma sensação que um espanhol deveria olhar para os gramados tupiniquins na década de 90. "Que povo atrasado. Que bagunça! Lá a roubalheira e a cara de pau imperam.", afirmaria qualquer cidadão do mundo desenvolvido.

Vou explicar para quem não vem acompanhando os fatos. Foi votado e aprovado na última terça-feira, dia 26/07, o novo formato de disputa para o Campeonato Argentino e pasmem: Subiram para a primeira divisão 18 times de uma só vez. No total serão os 20 times que já estão na primeirona, mais 16 da segundona e outros dois da terceira divisão. A primeira fase (antigo Apertura) terá 38 times divididos em dois grupos de 19 equipes. Sendo que os grandes seriam obrigados a jogar pelo menos um clássico contra uma equipe da outra chave. Passarão para a fase final (antigo Clausura) os cinco primeiros de cada grupo, mais os nove clubes que mais pontuaram na competição. Querem mais? Na fase final os 19 clubes classificados disputariam o título e as vagas nos torneios internacionais. Os outros 19 clubes jogariam um outro torneio, no qual os quatro últimos seriam rebaixados. Ufa! Quanta criatividade para criar um monstro. Achei que nós brasileiros fossemos insuperáveis. Errei.

Toda essa loucura para livrar o River Plate da segunda divisão, lugar que com muita força e má administração o gigante portenho conseguiu "alcançar" na última temporada. E olha que os times grandes já contavam com uma maquina contra o rebaixamento, onde para cair de divisão era computada uma média de pontos nos últimos 3 anos e ainda assim era preciso perder o confronto direto com a equipe que queria a vaga na divisão de elite da Argentina.

Como pode um futebol tão vencedor e dono de um berçário de craques administrar seus campeonatos dessa maneira? É um grande desrespeito com o resultado obtido em campo, falta de honestidade com os torcedores e pura politicagem. Para piorar ainda mais a situação, os direitos de transmissão por TV pertencem ao governo argentino, que propôs aumentar o valor de contrato para R$ 450 milhões se o novo acordo fosse firmado. Uma imposição nesse caso! Lá como cá a política impera. A presidente do país, Cristina Kirchiner, espera com tal manobra conseguir mais votos para buscar seu segundo mandato. No mesmo barco, o presidente da federação local (AFA), Julio Grandona, muy amigo do poderoso Ricardo Teixeira, também apostou na reviravolta para se manter no poder. Vale lembrar que as eleições para a presidência da AFA e para a Casa Rosada (sede da presidência da República Argentina) serão em outubro. A corda que segurou o River esta mais amarrada na sede da federação ou na presidência da república? Quem souber a resposta, por favor, me fale.
Os torcedores estão loucos com os acontecimentos e até os apaixonados pelo River Plate não conseguem entender o caos que esta prestes a se instalar no futebol argentino. E nem podemos considerar que esse será um passo atrás, para depois ser dado pulos a frente, como acabou acontecendo no Brasil. Lá o acordo é para muitos anos. Sorte do futebol argentino que o povo de lá não é tão acomodado como o "nuestro". Está programado para esta terça uma série de manifestações em várias cidades do pais. Mais de 36 mil pessoas já confirmaram presença no protesto. Tomara que de certo e que a política não interfira tanto no futebol e na evolução dos times daquele país. Se existe um lado bom nisso tudo, é que agora será ainda mais fácil buscar jovens talentos para reforçarem os nossos clubes. Se financeiramente, devido à maior organização e a forte economia brasileira, nós já somos uma Meca para os argentinos, agora é que teremos mais atrativos para trazê-los até aqui. Bom ou não, é melhor reforçar as aulas de espanhol.

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