INSISTÊNCIAS E NOVIDADES

Por Fernando Carregal

Não é de costume deste blog fazer análises de jogos, ou textos corriqueiros sobre algum embate realizado pelos times brasileiros(ainda mais quando se trata de campeonato estadual), porém o Vasco x Flamengo de ontem merece algumas linhas, não só por ter sido um dos melhores jogos entre as duas equipes nos últimos 10 anos (incluo aí a brilhante vitória Rubro-Negra em 2006 pela Copa do Brasil e um 2x0 vascaíno em 2009 pelo mesmo estadual), mas também por transparecer certas realidades presentes em ambos os times, realidades que trazem certos contrastes e permitem certas comparações, as quais virão ai abaixo, sita-se livre para ler, ignorar, discordar ou apoiar. Lembro mais uma vez, este texto é escrito por um observador e amante do futebol, que tenta ao máximo se isentar de paixonites ou realizações vindas por alguma torcida por alguma das duas equipes.
Gostaria de iniciar esta análise apenas citando que não levarei em consideração erros de arbitragem ou o lamentável, inacreditavelmente inacreditável e desprezável gol perdido por Deivid. Analisarei friamente a atuação das duas equipes durante os 90 minutos, atuações, disposições táticas e destaques estarão nas linhas abaixo.

Para mim, Vasco e Flamengo é sempre um jogo equilibrado, como diria o poeta das quatro linhas Jardel: " Clássico é Clássico e vice-versa", porém, via um favoritismo, especialmente para esta partida, do lado cruzmaltino, que além de possuir melhor campanha no decorrer da Taça Guanabara, ainda tem um elenco mais 'encaixado' e razoavelmente mais equilibrado do que seu rival. O Vasco encontrou em William Barbio uma excelente saída para as ausências de Éder Luís e Allan, e o torcedor do Gigante da Colina, tem de agradecer à Cristóvão por enxergar isso antes do início do duelo. O técnico armou o Vasco de maneira interessante, digamos que um pouco semelhante à equipe vitoriosa na Copa do Brasil do ano passado.

O Vasco jogou ontem com uma formação que permitiu a criação de jogadas desde seu início, pois com a colocação de Diego Souza no meio campo, sua posição de origem, que o faz render muito mais, Juninho tinha a possibilidade de buscar a bola e iniciar as jogadas, algo que não vinha acontecendo nos últimos jogos, onde a saída de bola ficava comprometida aos passes horrendos de Fellipe Bastos e às arrancadas quase nunca positivas de Nilton. Juninho realmente deu o tom das jogadas do Vasco, e contou com o oportunismo de Alecssandro, que de odiado pela torcida, tornou-se um titular indiscutível (veremos até quando isso irá durar). Não há como não deixar de citar a atuação impecável de Dedé, que vinha devendo nos últimos jogos, e demonstrando certo desinteresse em outros jogos. Ontem, Dedé foi Dedé.

Já pelo lado Rubro-Negro, demonstro um pouco de preocupação. Não pela situação do time no Campeonato Carioca, mas sim pelas atuações do Flamengo nos últimos tempos. Creio que você, torcedor flamenguista, irá concordar comigo ao me ver contestar tais atuações, já que há algum tempo não vejo o Flamengo atuar de maneira convincente e isso, para mim, vai de encontro ao ponto chave da questão: basear o esquema tático em um jogador que não é nem sombra do que era: Ronaldinho Gaúcho. Ontem, ele foi uma nulidade, se omitiu do jogo, aliás, como vem sendo rotineiramente. O esquema montado por Joel dá a tal liberdade desejada por R10, porém, seja no meio, no ataque, no espaço, Ronaldinho não consegue mais render 10% do que pode (Esta questão será levantada por esse blog em outra oportunidade). Há de se engrandecer a atuação mais uma vez brilhante de Léo Moura e o talento e garra de Vágner Love (Que Golaço!). Me agradou também a atuação de Bottinelli, que não vejo possibilidades de estar fora deste time, ele é melhor que Renato, Deivid e vem jogando mais do que o próprio Gaúcho. Para mim, este é um dos maiores erros do técnico flamenguista, insistir em um esquema que deixa o time preso e dependente dos lampejos de Ronaldinho, que como já sabemos, nem brilho de vaga-lume está tendo.
Resumindo, Vasco e Flamengo fizeram um ótimo jogo, talvez um dos melhores clássicos entre eles dos últimos anos. Em minha opinião, a vitória cruzmaltina veio da cabeça de Cristóvão, que montou um esquema que permitiu Juninho a brilhar e regrar o meio campo, e a derrota flamenguista, veio de um esquema estático e montado com os jogadores errados por Joel, acompanhado pela sombra ou nem isso de um tal Ronaldo Assis, um dia conhecido como Ronaldinho...