AS VERSÕES E CONTRAVERSÕES DA COPA AMÉRICA 2011

por Paulo Vítor Ubaldino
@pvubaldino

Quem diria, hein? A segunda-feira foi bem movimentada, por sinal. De um lado, o melhor jogador de futebol do mundo calando a boca de muita gente que, com apenas dois jogos de Copa América, já colocaram em evidência tudo o que o argentino já fez, até aqui. Do outro lado, Lúcio, capitão e pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002, autuou o preciosismo da Brasil, no último jogo contra o Paraguai. O empate, por 2 a 2, teve gosto de vitória, já que, até os 46 minutos do segundo tempo, a seleção amargaria uma incontestável derrota. Chega a ser engraçado falar em Seleção Brasileira, uma vez que ela, hoje, possui jogadores que queríamos ver na Copa do Mundo da África como Alexandre Pato, Lucas Silva, mas, principalmente, Paulo Henrique Ganso e Neymar.

Então, vamos por parte. O que foi o Messi ontem, amigos? Uma atuação de gala e, como eu falei – e repito – pra calar a boca de muita, muita gente, mas, em especial, da imprensa brasileira e argentina que esqueceram completamente de quem estavam falando. Quem foi que falou que o ele não joga na seleção? Bem, pra quem viu o jogo, ficou bem claro o por quê de tanta crítica de que ele só joga no Barcelona. Você deve estar se perguntando por que eu estou questionando isso, não é mesmo? Por que eu, particularmente, perdi as contas de quantos gols Gonzalo Higuaín, o camisa 9 da seleção hermana, perdeu na vitória de 3 a 0, sobre a Costa Rica, ontem, no estádio Mário Kempes, em Córdoba. E nós não estamos falando de gols ou jogadas impossíveis ou improváveis. Estamos falando de chances claras, escancaradas, frente a frente com o goleiro adversário. Isso vale, também, para o senhor Kun Agüero, substituto de Carlitos Tévez, que perdeu muitas oportunidades, mas se redimiu com dois gols na partida. E olha que o time da Argentina nem é tão ruim assim, se o compararmos com o time catalão. Ah, mas, de repente, ele, Higuaín, não estava no dia dele, não é mesmo? No entanto e pra sorte da Argentina, Lionel Messi, o melhor jogador de futebol do mundo nas últimas duas temporadas, estava. A vitória garantiu que a equipe seguisse na competição, além de evitar um vexame histórico, mesmo sendo os anfitriões do torneio.

E o Lúcio, rapaz? Não quis nem saber o que renderia sua polêmica, porém corretíssima entrevista coletiva, ontem, na concentração da seleção, que enfrentará o Equador, na próxima quarta-feira, com um desafio a mais: assim como nossos vizinhos territoriais, o Brasil precisa, obrigatoriamente, vencer para não depender de outras resultados. Disse, sem papas na língua, que o time não pode querer que o nome atrás da camisa brilhe mais que o escudo de futebol do país. Ele falou alguma mentira? Hã? Afinal de contas, ele, por ser o capitão da equipe e atleta mais experiente do elenco - somando três Copas do Mundo na carcaça (2002, 2006 e 2010), só cumpriu com o papel dele. É lógico que ele estava se referindo a ninguém mais, ninguém menos que o jovem, talentoso e nossa principal aposta nacional, Neymar. Muito marcado nessa competição, o garoto – ainda – não conseguiu imprimir seu bom futebol na Copa. Mas depois daquele 'toquinho' que deu na frente do goleiro, após receber um passe de seu companheiro Ganso, tudo mudou. Todos caíram em cima dele. Por que ele não bateu direto, cara? O que ele pensou, naquela hora? Que o Brasil estava vencendo por 5 a 0? Que a vaga estava mais que garantida?

É, Neymar. Não adianta jogar bonito, dar caneta, lençol, se não ganhar o jogo. E olha que, antes do jogo contra o Paraguai, esse mesmo Neymar deu uma entrevista dizendo que o time precisa ter menos preciosismo, ao concluir em gol. Não foi o que aconteceu. Ao final de tudo, garanto que ninguém irá lembrar de seus dribles, mas, sim, das vitórias que conquistou na seleção ou em qualquer clube onde passar. Com 19 anos, você é a nossa aposta na seleção principal. Ouviu bem? Principal. Caso não fosse convocado, certamente, seria escalado para disputar a Copa do Mundo Sub-20. Por essas e outras que sentimos muitas saudades de Ronaldo e Romário que, numa oportunidade dessas, dariam muito mais valor ao gol, do que qualquer outra jogada. Mas já pensou se ele faz o gol e se consagra o salvador da pátria? Pensou? É, mas não aconteceu Por isso, trate de fazer gol, moleque. Essa é a sua função. Só de pensar pode ser o melhor jogador do mundo e que foi eleito, pelo próprio Fenômeno, para ser seu substituto no futebol nacional, imaginamos a responsabilidade.

Nos cabe, agora, torcer para que o Brasil vença e convença no próximo jogo. Já reparou que estamos seguindo a risca a campanha da Argentina? Dois jogos, dois empates. Mas, se tudo der certo, assim como eles, daremos show no terceiro e último jogo dessa primeira fase e mostraremos a que viemos. E tenho dito!