
Após todos os recentes fiascos do futebol brasileiro -- tanto da seleção nas últimas duas Copas do Mundo, como na última Copa América, como de alguns times em competições internacionais, como o Internacional "Mazembiado" de 2010 e o Fluminense "LDUzado" dos anos de 2008 e 2009 -- colocaram em "xeque" o futuro do futebol brasileiro, os mais conspiracionistas e terroristas de plantão afirmavam ser o fim da hegemonia do talento brasileiro pelo mundo, e viam o tal aclamado jogador "atrevido" canarinho esvair-se atavés dos tempos e dos inúmeros volantes, pernas de pau e técnicos retranqueiros que por aí vão com suas pranchetas e esquemas que visam a defesa e o ato de não se levar o gol.
Pois amigos, ontem testemunhamos(se não assistiu recomendo procurar reprises por aí, após ler o texto do excelente Paulo Vítor Ubaldino) um momento poético do futebol brasileiro, como se esse, em forma viva, ressurgisse na forma de Ronaldinho Gaúcho, de Neymar, de Luxemburgo, de Muricy -- e porque não de Elano!? -- e nos falasse em alto e bom som: " Estou aqui, estou vivo! Não me coloquem em dúvida!". E assim, como um espírito que pairava sobre a agradável noite da Baixada Santista o futebol brasileiro reapareceu, e retirou sorrisos desse que vos escreve, como de tanto outros milhões de amantes do desaparecido espírito. Era como se relembrasse de momentos memoráveis como criança e encontrasse parte dessas lembranças jogadas pelos cantos da casa, e ao reencontrá-las tornar-me novamente aquele menino.
Mostrei-me descrente em relação à vinda de Ronaldinho para o Brasil, pois após os momentos interplanetários de 2004 e 2005 pelo Barcelona, o que via, desde a Copa de 2006 na Alemanha, era uma caricatura do jogador que um dia me trazia sorrisos(nunca vou me esquecer de um triplo chapéu em um jogo contra o Athletic Bilbao ou o jogo brilhante em pleno Bernabèu contra o Real Madrid). Na temporada 10/11 do Campeonato Italiano, Ronaldinho foi constante, e levou o Milan, na batuta de Ibrahimovic ao título. Porém após isso, retornou a rotineira pasmaceira daquele jogador desinteressado e fora de forma, o que culminou em seu retorno ao Brasil, após ser "convidado" pelo técnico do Milan, Massimilano Alegri ao banco de reservas.
E quando parecia que aquele jogador "clone" de Ronaldinho, que andava de boites em boites estava vindo para ficar no Flamengo, eis que ontem, o verdadeiro R10 resolveu pegar sua nave espacial, sair de Júpiter e retornar ao Planeta Terra, e retornar com estilo, estilo de Ronaldinho do Barça, estilo de gênio, como é, e será. É o que falei tempos atrás, ninguém esquece sua genialidade e ontem o sorridente dentuço, resolveu lembrar que ainda tem pouca idade e que pode ainda ser muito mais do que foi, e estava sendo. Dribles desconcertantes, sorrisos, movimentação e improviso (que cobrança de falta amigos!) é esse o Ronaldinho que o futebol consagrou, é esse o jogador fenomenal que foi ontem e teve sua alma, encarcerada desde 2006, libertada. Sinceramente, torço para que esse Ronaldinho resolva deixar suas viagens interplanetárias de lado e fique por aqui, quem sabe ele não lidera os "meninos do Mano" em 2014?
Gostaria de reservar este parágrafo aos técnicos, afinal, em campo ontem estiveram os dois maiores vencedores dos Campeonatos Brasileiros; Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo, são nove títulos nacionais no total, e ontem contribuíram para a construção de mais uma página remarcável no futebol brasileiro. Muricy, considerado por muitos o melhor técnico do futebol brasileiro apostou em um esquema estranho e suicida para seus padrões, apostou que Arouca, Ibson, Elano e Ganso conseguiriam segurar a bola no meio campo e evitar a sobrecarga na defesa, porém, com as subidas de Léo, e a falta de constância no jogo de Elano e Ganso(que teve lampejos) prejudicou esse esquema, acelerando o jogo de maneira errada e dando espaços para Ronaldinho e seus coadjuvantes(Thiago Neves, cada vez melhor e Léo Moura, reencontrando-se com eficiência na lateral). E como cito reencontros com almas futebolísticas e espíritos do verdadeiro futebol brasileiro, Vanderlei Luxemburgo foi ontem o que também tinha esquecido que era em suas recentes passagens por Santos e Atlético Mineiro, parece que o "profexô" repensou sua vida, dentro e fora de campo, e passou a dar prioridade ao seu trabalho de técnico, esquecendo contratos, institutos e trabalhos de manager, vibrou ontem como aquele cara cabeludo e fora de contexto que começou sua incrível trajetória no Bragantino. Parece também que Luxemburgo se reencontrou com o futebol, e os espíritos que o tinham esquecido também levaram de volta o futebol a ele.
É caro amigo, em uma noite onde os deuses do futebol brasileiro resolveram demonstrar que ainda estão ali, em algum cantinho desse enorme casa, e que ainda olham por nós em todos os momentos de grande dúvida e escassez de talento, salvaram-se todos, principalmente o futebol brasileiro...
O futebol agradece! Perfeito... só não acho que o Ronaldinho estava em outro planeta até agora... e que somente ontem ele acordou e tudo mais... mas respeito a poesia! E assim como a grande maioria, hj é dia de pedir o R10 na seleção, mas ontem era um absurdo... Quem sabe sabe e ponto! Abração!
ResponderExcluirQuando esse Ronaldinho Gaúcho joga bola, eu fico perplexo. Eu já disse, mas repito: é o melhor jogador que os meus olhos já viram. Um futebol que encante, que empolga, qualquer torcedor, independente do time. Se, pra vocês, ele não é o melhor que já viram, pelo menos, garanto que deve o melhor no quesito habilidade. Ontem, ele provou que é o que é. Parabéns, Ronaldinho, por nos trazer a certeza de que o talento do futebol brasileiro não morreu. Parabéns, Neymar, por assumir, da fato, a responsabilidade de ser o novo 'fenômeno' do futebol nacional, quicá mundial. Parabéns, Carregal, por esse texto tão reflexivo e tão verdadeiro.
ResponderExcluir