FORÇA, RICARDO GOMES!

por Paulo Vítor Ubaldino

Definitivamente, o Brasileirão vai começar! Eu sempre falei isso, desde que a nossa maior competição de futebol passou a ser disputada por pontos corridos, em dois turnos. Não que os jogos não tiveram seus devidos valores, mas a regularidade do returno é quem define o torneio. Ontem, a 19ª rodada marcou a metade de uma das competições nacionais mais equilibradas da história. Pela primeira vez, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) julgou como imprescindível o fato de colocar clássicos regionais para a última rodada dos turnos. Segundo o entendimento dos próprios dirigentes, a medida pode ‘ajudar’ a evitar o que nós chamamos de ‘entreguismo’, um ato de fazer corpo mole justamente na última partida do Brasileirão. Será que eles só perceberam isso agora? Bem, isso é uma outra discussão, já  discorrida por nossos colunistas Fernando Carregal e Raoni Alves. Agora, vamos voltar ao que interessa.

Se o campeonato acabasse ontem, o Corinthians se consagraria campeão, mantendo, assim, a hegemonia do eixo Rio - São Paulo nos últimos sete anos. Mas, como disse Lédio Carmona, comentarista muito respeitado da SporTV, quem inventou isso e de que interessa? Desde quando um título inexistente quer dizer alguma coisa? Ainda mais no caso do Corinthians, que vem de duas derrotas consecutivas e já com o cargo de seu treinador em cheque. Eu tenho a plena certeza de que o torcedor está bem mais interessado no equilíbrio impressionante da competição, do que no ‘título fantasma’ inventado pela grande imprensa. Percebemos que o favorito não é só um e nem que a zona da degola está definida.

No entanto, na rodada dos Clássicos, um fato isolado chamou mais atenção do que qualquer outra coisa. O técnico do Vasco da Gama, Ricardo Gomes, se sentiu mal durante o jogo contra o Flamengo, no Engenhão, e está internado em estado grave. Uma triste notícia, diante de um domingo recheado. O Gigante da Colina vem contando com reforços importantíssimos, na temporada de 2011. O clube e os torcedores não vivenciavam uma boa fase assim, há mais de dez anos. Jogadores como Juninho Pernambucano e Felipe que, em outrora, estiveram nas conquistas mais importantes da década de 90, Fernando Prass que, desde a série B, em 2009, conquistou o coração da torcida e se tornou um símbolo para a mesma, e, por último, porém não menos importante, Dedé, tido como o melhor defensor do Brasil e já presente no elenco da Seleção Brasileira. Todos esses jogadores são fundamentais para o esquema tático do Vasco. Por outro lado, temos que concordar que o grande e principal protagonista dessa vitoriosa campanha do clube se chama Ricardo Gomes.

Para quem chegou diante de muita desconfiança, o treinador conquistou, além da torcida - é claro - um título inédito: a Copa do Brasil. O feito, automaticamente, garantiu uma vaga na competição mais importante das Américas, em 2012. O Vasco da Gama não vencia um campeonato de nível nacional desde 2000. A conquista retomou o respeito e a grandeza, camufladas por um passado não tão distante. Em um de seus pronunciamentos pós-título Copa do Brasil, Gomes afirmou que só o G-1 interessava. De qualquer forma, um título brasileiro dá a Ricardo um carimbo eterno na história do Gigante da Colina. Os médicos do clube associaram o episódio de ontem a sua última passagem pelo São Paulo, no ano passado. Na ocasião, Gomes teve um pequeno Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas superou sem sequelas. Desta vez, o problema foi um Acidente Vascular Encefálico (AVE) hemorrágico, onde há uma interrupção de irrigação de umas das veias que alimentam o cérebro.

O time do Vasco, naturalmente, assim que soube o que estava acontecendo, se abateu. E é aí que mora o problema. Será que isso pode comprometer a campanha, que está muito bem, por sinal, ou pode ser interpretada como uma motivação a mais, na briga direta pelo título? Segundo os diagnósticos, Ricardo Gomes tem grandes chances de herdar sequelas, o que, também, não significa nada, já que a vítima pode se recuperar e voltar ao seu estado de normalidade, com a bateria de fisioterapias. Rodrigo Caetano, diretor de futebol do clube, já descartou a possibilidade de um novo treinador assumir o comando e já garantiu Cristóvão Borges, auxiliar de Gomes, a comandar interinamente a equipe, enquanto se recupera. O Vasco da Gama entra em campo na próxima quarta-feira, contra o Ceará, partida que marca o início do returno da competição. Os dirigentes também descartaram a possibilidade de adiamento da partida, até o presente momento.

Bem, agora, cabe a todos esquecer a rivalidade e torcer pela melhora desse brilhante treinador. Milhares de pessoas, através da internet, já estão se mobilizando e se sensibilizando com toda situação. Sem saúde não existe jogador, não existe time, não existe competição. Independente de time, o Brasil e o mundo enviam energias positivas a ele. Força, Ricardo Gomes.