Por Raoni Alves
E não é que a pressão feita por lá deu certo. Aleluia! Mais uma vez o povo argentino mostrou que a força popular merece ser ouvida e quando não vai por bem, vai por mal. Eles nem foram as ruas (ainda), mas as manifestações contra a nova fórmula de disputa do Campeonato Argentino não param. No site do jornal Olé!, 86% votaram contra o novo sistema, e no site Canchallena, do jornal La Nación, 87% se mostraram contra. Depois da gritaria, o presidente da AFA, Julio Grandona, resolveu voltar no que disse e congelou a idéia de jogar a mesa para o alto e subir de uma só vez 18 times para a série A. Essa manobra alçaria o poderoso River Plate novamente a divisão de elite do futebol portenho. Entenda melhor o caos clicando aqui.
Grandona afirmou que não sofreu pressão alguma do governo para que houvesse a tal mudança. Mentira! É lógico que a presidente Cristina Kirchner tentou um acordo para ganhar votos e aumentar a popularidade visando as eleições de 23 de outubro, mas o tiro saiu pela culatra. A ideia da mandatária seria repetir o sucesso do programa "Fútbol para Todos", que lançado em 2009 teve grande adesão dos hermanos. O programa fez com que todos os jogos da primeira divisão fossem transmitidos em TV aberta (seria como se a TV Brasil transmitisse o Brasileirão). Durante os jogos, os anúncios no intervalo são 99% de programas estatais e toda essa estratégia envolve dinheiro público e conflito de interesses. É a velha política do pão e circo.
Os direitos de transmissão pertenciam à empresa Televisión Satelital Codificada (TSC) com contrato que vencia apenas em 2014, mas foi rompido. A TSC pagava 268 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 128 milhões) por temporada aos clubes do país pelos direitos de transmissão dos jogos. O vínculo com a Tv Pública vale hoje 600 milhões de pesos (R$ 287 milhões) e especula-se que se a nova fórmula for aceita o valor subirá para R$ 450 milhões.
Será que não vai ser um grande prejuízo para o governo deixar de contar com a audiência de mais de 10 milhões de fanáticos torcedores do River que agora vão sintonizar suas TVs na emissora que transmite a segunda divisão? É bom lembrar que o programa "Fútbol para Todos" só é dono dos direitos de transmissão da primeirona. Como prova da pressão governista, o presidente do Rosário Central deu a seguinte declaração no último sábado. "É uma proposta exclusivamente econômica e vem do Governo", explicitou Norberto Speciale, presidente do Rosário Central, equipe da série B Nacional.
Julio Grandona parou diante do clamor popular e ontem disse até que estava feliz com os acontecimentos e que tudo não passou de uma proposta de novo regulamento, mas que não será colocado em prática. Vamos aguardar os próximos capítulos dessa novela. O problema é que novela em castelhano é um drama danado.


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