" CREO EN AMÉRICA", MAS NEM TANTO ASSIM NO BRASIL DE MANO...

por Fernando Carregal
@carregalf

O título desse post refere-se ao título da canção oficial da Copa América de 2011, que terá seu início no próximo dia primeiro de julho. Assim como também está lá no título do post, esse, que vos fala, não acredita minimamente que a seleção de Mano Menezes terá vida fácil na competição, mas, sim, muito pelo contrário. Essa, pra mim, será a Copa América mais equilibrada dos últimos tempos, onde não é possível apontar somente Argentina e Brasil como franco favoritos.


Além dos dois acima citados, venho ressaltar que é necessário abrir os olhos para as seleções do Uruguai e Paraguai que, por mais desconhecidos sejam seus jogadores, aqui, no território brasileiro, tem armas mais do que suficientes para fazer frente às seleções de Neymar e Messi.

Começarei essa breve análise - nem isso é - pela seleção melhor colocada no último mundial, entre as sul americanas: o Uruguai. A celeste olímpica vem com a missão de dar continuidade ao excelente trabalho que, culminou nas semi finais da Copa da África. Mesmo que a fase de seus principais jogadores não esteja nem perto do que estava no mundial, é muito bom respeitar uma seleção com jogadores experientes (quase todos os jogadores jogam em times de meio porte à grandes da Europa) como Diego Lugano, Maximiliano Pereira (destaque do Benfica, na temporada passada), Sebástian Éguren (pretendido pelos grandes europeus), Wálter Gargano (o motorzinho que ajudou o Napoli a conquistar a tão sonhada vaga para a Champions League), e, lógico, um ataque poderoso com Diego Fórlan (melhor jogador da Copa 2010), Luís Suárez (brilhando no Liverpool), e Edinson Cavani (artilheiro do campeonato italiano pelo Napoli). Ou seja, é um time com um ataque muito forte e que, se torcer para o fraco goleiro Muslera não falhar muitas vezes, podem, sim, conquistar o título.

A seleção paraguaia vem para a Copa América com dois destaques importantes. Um fora e outro dentro de campo: o brilhante técnico Gerardo Martino, que tem na seleção paraguaia um trabalho sólido, com esquema tático muito equilibrado (a Espanha que o diga), além de uma saída rápida para o ataque, que conta com o outro destaque: Lucas Barrios. O argentino naturalizado paraguaio foi um dos principais jogadores na Bundesliga dessa temporada, marcando gols importantes para a conquista do título do Borussia Dortmound. Se os guaranis conseguirem equilibrar a defesa com a exatidão ofensiva de Barrios, poderão surpreender, como quase fizeram contra a Espanha na Copa da África.

Os argentinos tem um time brilhante, com um goleiro fraco e muitos problemas extra-campo. Sinceramente, sob uma análise fria, me diz que a Argentina é a favorita para a conquista dessa Copa América. Joga em casa e tem, sim - no papel - o time mais forte e equilibrado, com jogadores rústicos defensivamente, um meio campo de dar inveja a qualquer técnico de clubes por aí (talvez, Pep Guardiola não concorde com isso) e um ataque incrível - podendo ser o mais forte e variado, em muitos e muitos anos. Na defesa argentina, como disse, o goleiro Romero é fraco (o reserva Andújar é muito melhor), mas será protegido pelos fortes Garay e Zanetti, que também pode atuar de lateral, no meio campo temos o brilhante Cambiasso, o correto Fernando Gago, Mascherano que, enfim, se encontrou no Barcelona, além de duas promessas: Lucas Biglia, que começa a conquistar seu espaço nos 22 azuis, e Javier Pastore, que foi brilhante no último Italianão, pelo Palermo, e está sendo disputado a tapas pelos grandes da Itália. Já o ataque argentino mereceria um post a parte. Resolvi que Messi é extraterrestre e não falarei mais dele, mesmo sendo esse forasteiro interplanetário que desafia as leis do esporte e da genialidade. Além dele, temos Carlitos Tévez, Di Maria, Sérgio Agüero, Gonzalo Higuaín, Diego Milito e Lavezzi, que possuem características que se completam e podem jogar com Messi, sem problemas. Eu, particularmente, gosto do Lavezzi. Ele é rápido, raçudo e muito talentoso. Precisa de mais?

Resolvi deixar esse útlimo espaço para abordar o assunto que mais importa a nós, brasileiros, que é nossa seleção. Como citei na cabeça do post, não acredito ser total favorita para a disputa da Copa América. O técnico Mano Menezes ainda não encontrou um esquema que ajude Neymar A brilhar e procura, desesperadamente, por duas coisas: um meio campo que faça a bola parar e girar, além de um 'camisa 9', que defina e faça gols. Se formos pensar pelos nomes, Mano tem esses jogadores. Ganso é esse meia que o técnico tanto deseja. Talentoso, limpo, clássico, com passes precisos e visão de jogo única. Pato e Fred podem ser esse 'camisa 9' que o técnico do selecionado brasileiro tanto almeja, mas um fator é comum para esses três jogadores: a falta de ritmo. Tanto Ganso, como Alexandre Pato vêm de lesões e estarão ainda se readptando ao futebol, no decorrer da disputa do torneio. Fred vem muito mal no Fluminense e creio ter sido convocado mais pelo nome, do que pelo que vem fazendo (Leandro Damião ou o próprio Hulk seriam apostas mais seguras). A seleção brasileira, tem, sem dúvidas, a melhor defesa da competição, Júlio Cesar, mesmo não tendo o mesmo ritmo que antes da Copa do Mundo, Lúcio -um guerreiro e Thiago Silva (o melhor zagueiro do mundo, na temporada 10-11), além de David Luiz no banco, formam uma frente defensiva quase imbatível. Na lateral direita, o Brasil está muito bem servido. Daniel Alves e Maicon resolvem o problema de qualquer time ou seleção -prefiro Maicon, mas Mano deve ir de Daniel. Entretanto, na lateral esquerda, o Brasil tem seu ponto de incógnita. Nem André Santos e nem Adriano chegam próximos do nível de um lateral de seleção brasileira. Talvez, Marcelo seria a convocação mais apurada de Menezes, mas, por problemas internos, não vem sendo convocado. O meio campo brasileiro está bem. Os volantes Ramires e Lucas Leiva cumprem bem seu papel. Já na parte da frente, acho que faltam peças, pois contar com o normal Elano, com o não tão bom assim Jádson e a promessa Lucas não é muita coisa. É o que citei acima. O jeito é torcer para Paulo Henrique Ganso ganhar ritmo rapidamente, pois a seleção é uma com ele e outra sem (vide os amistosos recentes). O ataque tem Neymar, brilhante e cada vez mais "humanitário" em campo, jogando pelo time, procurando o gol e esquecendo dos holofotes, e as incógnitas Pato, Fred, além de um já em queda Robinho, que fez uma temporada muito boa pelo Milan, mas, na seleção, vem perdendo espaço gradativamente, até por ser exigido que jogue em posição diferente à jogada no time rossonero.

É, caro amigo! Esperemos e vejamos no que dará essa Copa América. Afirmo que o troféu cairá nas mãos de uma dessas quatro seleções. Nada será fácil, nada será de graça, mas "creo en América"...