quinta-feira, 23 de junho de 2011

E, ENFIM, O VERBO SE FEZ CARNE...

por Paulo Vítor Ubaldino
@pvubaldino

Pronto, a profecia se cumpriu! O Santos Futebol Clube é campeão, pela terceira vez e depois de 48 anos, da Taça Libertadores da América. Empurrados por mais de 35 mil torcedores no Pacaembu, os meninos da Vila entraram para a história do clube, derrotando o Peñarol, do Uruguai, por 2 a 1. O que já era de se esperar, né? Afinal de contas, todo ‘frisson’ em cima desses garotos não é à toa. O fato é que eles jogam bola de verdade. Pena que só o Dunga não viu isso... Em 2011, o Santos venceu, até aqui, todas as competições que disputou – Estadual e Libertadores. Vale ressaltar que a campanha do Peixe deve ser contada por partes, pois são muitos os protagonistas desse espetáculo.

Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar o grupo do alvinegro praiano, como um todo. A base sólida do time mostrou que tem elenco suficiente para fazer jus ao título de melhor time do país e, agora, do sul americano. O goleiro Rafael, mais jovem jogador da posição a conquistar a Libertadores; o talentosíssimo Arouca, que espantou a ‘uruca’ de vice da competição, quando jogou pelo Fluminense, em 2008; os xerifes Edu Dracena e Durval que, desde começaram a jogar juntos, reduziram muito a média de gols sofrida pela equipe; o atacante Zé Eduardo, o ‘Zé Love’ que, mesmo mal em sua última partida pelo Santos, não comprometeu a campanha; o lateral Léo e o meia Elano, que voltaram para a Vila, depois de conquistarem dois Campeonatos Brasileiros com o Peixe – 2002 e 2004 – se tornando ídolos da torcida; e os jovens Danilo – que teve a felicidade de fazer o segundo gol da final, Alex Sandro e Alan Patrick.

Em segundo lugar, o maestro e, ouso dizer, o melhor camisa 10 do Brasil: Paulo Henrique, o Ganso. É de impressionar, qualquer amante do futebol, tamanha categoria, inteligência e genialidade desse prodígio. Jogou demais da conta, mesmo vindo de lesão. E ainda tinha gente acreditando ser um ‘risco’ colocá-lo no jogo, depois de tanto tempo ausente. Bem, ele mesmo fez questão de provar que, machucado ou não, sempre faz a diferença. Na semana passada, em Montevidéu, se dependesse dele, estaria em campo. Ganso nem parecia que estava disputando a final do torneio mais importante da América do Sul, de tanta calma. A impressão que temos é de que, quando o garoto volta de lesão, fica, ainda mais, fantástico. Passes rápidos, precisos e de uma regularidade fora do comum. É, sem dúvida nenhuma, um jogador muito, muito acima da média e, por isso, é mais do que digno vestir a camisa da seleção brasileira. 

Em seguida, dissertarei sobre alguém que dispensa qualquer tipo de comentário. Ele calou a boca de muita gente, passando a se tornar um jogador cobiçado pelos maiores clubes do planeta: o irreverente, talentoso e fenomenal Neymar. Fenomenal porque o próprio ‘Fenômeno’, o Ronaldo, disse, assim que fez seu último jogo com a camisa amarelinha, que seu substituto no futebol mundial é o próprio Neymar. Ele abriu o placar no Pacaembu, dedicou o gol ao seu filho e levou à loucura o mar branco de peixes, que tomou conta de todo estádio. Por muito pouco, ou melhor, por apenas mais um golzinho, ele não se tornou, de quebra, o artilheiro da competição. Bem que ele queria, né?  É difícil acreditar que um rapaz de, apenas, 19 anos, consiga lidar com tantas câmeras, flashes, fãs e, mesmo assim, ter muito apetite pra jogar futebol. E que futebol... Só Pelé, o Rei, o maior de todos da história, tinha conseguido levantar o caneco mais cobiçado das Américas. Mas aí apareceu esse tal de Neymar, pra também entrar e fazer história. O garoto conquistou, não só muitos fãs, mas também muitos críticos de futebol que, por muitas vezes, não acreditaram em seu potencial. Quando seu principal companheiro não jogava, o Ganso, ele decidia. Hoje, Neymar chora o momento mais importante de sua carreira, como profissional. Ele é campeão da América do Sul.

Por fim, porém não menos importante, outra figurinha fundamental para esse álbum de craques. Ele nem entra em campo, mas é o cérebro do time. O cara é iluminado, tem estrela de campeão. Por onde passa, chama, intima a vitória. Como jogador profissional, foram, perto de sua carreira como técnico, apenas, três títulos – um Estadual pelo São Paulo, em 1974; um Brasileiro, também com o tricolor paulista, em 1977; e um Mexicano pelo Puebla, em 1983. Agora, como técnico, a gente perde até as contas. São 14 títulos, desde que iniciou sua vitoriosa campanha fora das quatro linhas. Esse é Muricy Ramalho, um profissional campeão. Muita gente, sequer, lembra de que ele abriu mão de dirigir a seleção brasileira, no ano passado, para seguir seu trabalho no Fluminense, onde, pra variar, foi campeão brasileiro. Famoso por ser um técnico mal humorado, Muricy deixou as críticas de lado e venceu, com louvor, o título mais importante das Américas. Ontem, na conquista que entrou pra história do Santos, Muricy teve o trabalho reconhecido, ao dar a volta olímpica com ninguém mais, ninguém menos que Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé.

GANSO E NEYMAR SUPERARAM ERA DIEGO E ROBINHO

Se ainda restava alguma dúvida, agora, não resta mais nada. Os atuais meninos da Vila, Ganso e Neymar, superaram a fase de ouro, vivida outrora por Diego e Robinho, também na Baixada Santista. O título da Libertadores consagrou a nova era do Santos, que sempre apresenta bons frutos, ou melhor, bons ‘peixes’ em seu cultivado cardume. Juntos e em quatro anos jogando no time profissional, Diego e Robinho conquistaram, ao lado de Léo e Elano, dois campeonatos nacionais. O primeiro, em 2002, tido como o mais emocionante. O torneio ainda era realizado pelo esquema ‘mata-mata’. Na ocasião, a dupla acabou com o jogo, na final contra o Corinthians. O segundo, em 2004, já contava com a tabela de pontos corridos. A exemplo desses, nos últimos dois anos, surgiram duas peças chaves, semelhantes dentro e fora de campo. Ganso e Neymar jogam bonito, assim como Diego e Robinho também jogavam. A diferença está no número de conquistas. Se Diego e Robinho conquistaram o Brasil, Ganso e Neymar conquistaram a América. Além da Libertadores, foram dois estaduais – 2010 e 2011 – e a Copa do Brasil do ano passado (emprestado, só Robinho fez parte da conquista), que garantiu o passaporte para a disputa da Libertadores, coroada na vitória de ontem. Na seleção brasileira, não é diferente. Só Robinho conseguiu se firmar, mas, mesmo assim, nem é o principal jogador do grupo. Diego teve pequenas passagens, entretanto nenhuma marcante. Por outro lado, Ganso e Neymar são, hoje, os principais e indispensáveis jogadores da seleção principal do Brasil. E eu volto a perguntar a vocês: como o Dunga não viu isso?

Bem, já deu pra perceber aonde nós vamos parar com toda essa história, não é mesmo? Não? Então, eu explico. O estádio Yokohama, no Japão - sim, aquele mesmo onde o Brasil conseguiu o pentacampeonato da Copa do Mundo, pode ser o palco da grande final do Mundial de Clubes da FIFA. E para apimentar, ainda mais, essa disputa, se tudo correr como o previsto, veremos o encontro de dois ‘monstros’ do futebol na atualidade: Messi contra Neymar. Essa é a grande expectativa de todos. Com exceção do ano passado, todas as finais do Mundial de Clubes foram travadas entre equipes europeias e sul americanas. Em 2010, o Internacional de Porto Alegre ganhou a Libertadores, mas decepcionou ao perder, nas semifinais, para o desconhecido Mazembe, representante da África. A hegemonia do Santos, no Brasil, já era cogitada e se comprovou com esse merecido título. Pra mim, a final da Libertadores foi o terceiro melhor jogo do ano. Coloco em 2º a final da Liga dos Campeões da Europa, disputada entre Manchester United e Barcelona. Agora, o 1º eu nem preciso falar... Vou deixar que o mundo conspire e grite o nome dos dois clubes mais eficientes do futebol contemporâneo. No mais, é isso! Até o Japão.  

2 comentários:

  1. Excelente texto Ubalda!
    Ontem o Santos corou um belo trabalho que havia começado no ano passado!
    O Mundial de 2011 tem tudo para ser um dos melhores de todos os tempos.

    Um abraço, Júlio Casal.

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